COMEMORAÇÕES AOS 30 ANOS DA ESCOLA

NOSSA ESCOLA

Discurso proferido pelo professor Elder Piantá no evento solene.

Solenidade da Festa dos 30 anos

Boa noite a todos, sejam bem-vindos, sintam-se à vontade, principalmente os visitantes! A Escola vos recebe de braços abertos e cheia de júbilo. A presença de vocês aqui é muito importante e representa o prestígio que dão um pedaço da história de vida e de convivência que dividimos fraternalmente.

Esta ainda é a casa de vocês!

Aos demais colegas, em nome da direção, queremos reiterar que este não é um ato solene; é uma festa da comunhão da amizade que esta escola criou entre nós. Mas para dar um caráter cívico a este ato de celebração convidamos a todos para o Hino Nacional Brasileiro.

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA.....

Fundada em 30 de março de 1978 e provisoriamente denominada POLIVALENTE 4ª ETAPA, esta Escola pertencia ao Projeto PREMEN – Programa de Expansão e Melhoria do Ensino do Brasil.

Financiado pela USAID - Agência Norte-americana de Desenvolvimento - e patrocinado por um convênio entre o Governo Federal, Estados e Municípios. O projeto era bom demais para um país subdesenvolvido como o Brasil. E pior, foi concebido durante o governo militar, o que desencadeou uma antipatia e uma resistência da esquerda política da época. Acabou não dando certo, o que foi uma pena. O projeto era excelente, Objetivo futurista e bem intencionado.

As escolas polivalentes não visavam uma terminalidade em si, mas objetivavam a sondagem de aptidões e a iniciação profissional. Através de quatro áreas técnicas e do realce às atividades artísticas, eram escolas-modelo da época e deveriam protagonizar as mudanças necessárias às Escolas Tradicionais. A vocação comodista, invejosa e reacionária da escola conservadora da época foi mais forte. É claro que o posicionamento deste professor, que não quer ser guardião da doutrina tecnicista das escolas profissionalizantes, está alicerçado na realidade da época, nunca num saudosismo senil.

Mas por falar em saudades, se por um lado se nega o saudosismo das ideias, inegável é a saudade do espírito humanista e fraterno da época e que esta escola tem procurado preservar através dos tempos. A escola tinha por lema: “Como vamos fazer?”, jamais o “Fazer de acordo com o modelo”. Acrescido da indignação desafiadora: - "Por que Não?" , pois a ideia sempre foi “uma escola diferenciada não combina com ideias pré-concebidas.

Mediante estes desafios, tudo que iria se fazer era criteriosamente pensado pelo grupo. Isso fortaleceu a unidade. E a amizade eclodiu como uma reação em cadeia, contagiando também alunos e funcionários. Quando encontramos ex-colegas e ex-alunos, a expressão infalível é aquela: “Que bons tempos aqueles!” Como vemos na foto, Aquino, Tânia,Waldemar, Lígia, Dina Márcia e Sebastião.

Aliás, a Escola tem uma dívida de gratidão com os primeiros: Profº Waldemar Treichel e o vice-diretor profº Sebastião Moreiro. Com o profº Waldemar ainda houve uma tentativa de resgate com a denominação da biblioteca da escola que hoje leva o seu nome. Eles merecem muito mais. Eles merecem muito, porque não foram simplesmente os primeiros diretores; foram os pais zelosos que pensam o futuro longínquo de seus filhos, que respiram o seu pulsar com corpo, alma, coração e vida.

Depois veio outra fase. O filho nascido exigia novas providências. O nome PINDORAMA - que significa terra das palmeiras, não era simplesmente uma pueril homenagem ao verdadeiro nome do Brasil na fase-pré-cabraliana. Era uma incompreendida tentativa de buscar na simplicidade poliglota desse nome, a natureza imaculada do Brasil no tempo dos 6 milhões de índios que viviam por aqui e que falavam 1300 línguas diferentes. Quase que querendo dizer que a história do Brasil seria fábula ou romance se lhe faltasse as bases da etnografia regional e da etnografia geral.

Nosso símbolo é um ideograma. Uma síntese ideográfica do todo: uma palmeira, com um aro policíclico em forma de engrenagem, cujas vértices helicóides significam movimento, mudança e alteridade; o prédio, por detalhe arquitetônico, justaposto a figuras de estudantes estilizados por justaposição em forma de 3+1, representando o núcleo comum e a parte diferenciada. As cores da Bandeira do Brasil. Enfim, tudo minuciosamente pensado, tecnicamente perfeito. Nosso mérito hoje é manter a integridade de obras como essa, não permitindo que elas se desvirtuem para não perderem seu significado.

Uma história como a nossa cria uma cultura por tradição, capaz de tornar-se uma filosofia. Não uma filosofia daquelas que enfeitam planos pedagógicos, mas princípios e doutrinas que norteiam o nosso modo de agir, formando o que poderia se chamar a personalidade da instituição. Isso atravessa os tempos e não deixa morrer a alma da corporação, sem impedir que a cada dia o organismo se renove. Por exemplo, os alunos não têm mais as quatro salas técnicas, mas temos hoje laboratório de informática e sala de multimeios. Algumas práticas não existem mais, mas outras foram criadas. Por exemplo, os alunos de nossa escola já editaram dois livros.O primeiro deles era de contos e poesias e o outro, que está sendo lançado agora, de textos, crônicas, ilustrações e poesias, traz a visão de nossos alunos à respeito de temas atuais que afligem a sociedade, suas ansiedades e devaneios. Uma iniciativa repleta de bons propósitos pedagógicos, incentivando o espírito criativo e aumentando a auto-estima de nossos alunos.

Finalmente, queremos agradecer a paciência de vocês, o prestígio a esta festa que é de todos nós que continuamos a amar esta escola como se fosse a extensão da nossa casa. A história desta escola e a nossa história completaram mais um ano de vida no dia 30 de março deste ano. Obrigado.

Elder Piantá

São Borja, 24 de outubro de 2008.